Nem Lula nem Alckmin.Blog Josias de Souza – http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/ A grande atração do último debate foi a platéia. Acomodado numa arquibancada circular, um grupo de eleitores indecisos esfregou o caos na cara dos presidenciáveis. E recebeu de volta banalidades, generalidades e números ditados a esmo. Selecionados pelo Ibope nas cinco regiões do país, os eleitores injetaram no cenário limpinho e artificial da TV Globo a realidade nua e suja do Brasil real. Os móveis perdidos na casa inundada pela enchente. O irmão desempregado com três filhos para criar. Os direitos trabalhistas sonegados pela carteira não assinada. A filha de quatro anos condenada à escola pública. Os sogros sem plano de saúde submetidos à inclemência do SUS. A imprevidência de uma previdência em colapso. O pesadelo da casa própria. Os três amigos assassinados no bairro pobre. A corrupção. A impunidade. Alguns dos dramas apresentados pelos eleitores, depois de devidamente filtrados pela produção da Globo, pertencem à pauta de governadores e prefeitos. Mas os presidenciáveis não se dignaram a esclarecer este ponto. O negócio de ambos é a venda de ilusão. Lula respondeu ao irrespondível com o já tradicional “nunca se fez tanto na história desse país.” Alckmin repetiu que “o Brasil pode mais”. Os dois arremessaram em direção à platéia um amontoado de números e cifras. Ao final do embate, Willian Bonner soou otimista: “Agradeço aos eleitores indecisos, talvez agora não mais indecisos, depois desse debate maravilhoso.” Bobagem. Com as respostas que ouviram, os argüidores saíram do estúdio com várias certezas. E talvez tenham voltado para casa com uma dúvida. Primeiro, as certezas: a próxima chuva trará novas enchentes; cadente ou não, o desemprego infelicitará outros irmãos; milhões continuarão a trabalhar com as carteiras em branco; a escola pública seguirá formando sub-alunos; os remédios ainda serão escassos no SUS; a casa própria remanescerá como sonho de poucos; outros amigos serão baleados; a impunidade perpetuará a corrupção. Agora, a grande dúvida: em quem votar? Lula celebrou a presença da realidade: “Acho bom que o povo trouxe pra cá os problemas que, graças a Deus, nós começamos a resolver”. Acrescentou: “Qualquer brasileiro sabe que 90% dos programas sociais no Brasil são programas que nós e a sociedade criamos nesse período”. Disse mais: “Meus adversários estiveram no poder desde a chegada de Cabral e não resolveram nada.” Alckmin também festejou o encontro com a verdade: “Vimos aqui vários eleitores apresentando os problemas reais da saúde, da educação, do emprego, do meio ambiente, dos transportes, da habitação. Enfim, vimos que o país, depois de quatro anos, não melhorou”. Não mencionou Cabral. Tampouco falou do colega FHC e seus oito anos de mandato. Os contendores voltaram a calçar as luvas. Alckmin desferiu os já costumeiros jabs éticos. Lula, os cruzados de PCC. A temperatura subiu. Porém, este último debate, como os anteriores, não trouxe nenhum golpe fulminante capaz de provocar uma reviravolta nas intenções de voto dos eleitores. Se as pesquisas estiverem certas, Lula será reeleito neste domingo. E o quarto debate terá servido apenas para demonstrar aos indecisos e aos resolutos que o Brasil que o presidente continuará administrando a partir de janeiro de 2007 é um país por fazer.
SÃO PAULO – Agência Estado. O Brasil chegou à marca de 1 milhão de domínios registrados. O número recorde – que representa a soma de todos os endereços com a terminação “.br”, como o “.com.br”, o “.gov.br” e o “.org.br” já foi atingido de acordo com as estatísticas do registro de domínios brasileiros. Parece muito, mas ainda somos apenas um grão de poeira dentro do mundo virtual. Para se ter uma idéia, um relatório divulgado em agosto pela empresa VeriSign mostra que no mundo todo existem mais de 105 milhões de domínios registrados. Só com a extensão “.com” são mais de 50 milhões de endereços, contra pouco mais de 910 mil com final “.com.br”. Os outros quase 100 mil domínios brasileiros dividem-se entre mais de 50 terminações diferentes. Algumas delas são inclusive bem curiosas e, de tão estranhas, até hoje não colaram. Alguém sabe que os cenógrafos podem ter um endereço que acabe com “.cng.br”? Até a semana passada, apenas 10 pessoas tinham optado por um site com essa extensão. Existem também páginas que terminam com “.tmp.br” (eventos temporários), “.bmd.br” (biomédicos), “.fnd.br” (fonoaudiólogos), “.ntr.br” (nutricionistas) e “.zlg.br” (zoólogos). Mas também existem casos bem sucedidos além do “.com.br”. A segunda terminação mais procurada no País é o “.org.br”, presente em mais de 27 mil sites tupiniquins. Em seguida aparece o “.adv.br”, final escolhido para o endereço das páginas de cerca de 7 mil advogados em todo o País. O quarto colocado é o “.ind.br”, usado por mais de 5,7 mil home pages de indústrias. E na quinta colocação vem o “.nom.br”, opção de aproximadamente 3 mil sites de pessoas físicas. Em média, a internet brasileira cresceu no ritmo de 100 mil domínios por ano desde que se tornou aberta, em 1996. No segundo trimestre deste ano, o País ficou em 10º lugar entre os que mais criaram endereços na rede. Os primeiros do ranking foram Alemanha (“.de”), Reino Unido (“.uk”), União Européia (“.eu”), Holanda (“.nl”), Itália (“.it”), China (“.cn”), Argentina (“.ar”), Bélgica (“.be”) e Estados Unidos (“.us”). Para criar um endereço com terminação “.br” basta entrar na página do serviço Registro.br, clicar em “Registrando domínios” no lado direito da página e seguir as instruções. Custa R$ 30 por ano. A partir de quarta-feira estarão disponíveis também as extensões “.blog.br”, “.vlog.br”, “.flog.br” e “.wiki.br”.
Futebol perde de goleada para a Fórmula 1. Por Milton Pazzi Jr. http://blog.estadao.com.br/blog/batepronto/ Para quem gosta de esporte, um final de semana na principal categoria do automobilismo mundial, a Fórmula 1, consegue ser muito mais fascinante que uma final de Copa do Mundo. Faço a comparação com base na experiência de quem já passou pelo final de semana dos paddocks e colheu opiniões de quem esteve no momento decisivo da modalidade mais popular do mundo. Na Fórmula 1 o discurso de seus profissionais com a imprensa é polido, ensaiado, com muito cuidado para não criar problemas, com objetividade. Lá é possível participar de tudo o que envolve o evento. O tratamento é cordial, educado e eficiente. Você sabe onde pode ir, quais os limites e tudo é organizado. Todos falam, cumprem horários e compromissos (com raras exceções) e se você não teve como acompanhar, existe uma forma de saber o que aconteceu (os assessores de imprensa realmente informam a imprensa). Enfim, a categoria sabe que é um evento, que é diversão. E permite, inclusive, a quem pode pagar, ter acesso a tudo isso. São muitas as pessoas que fazem as visitas aos boxes das equipes, conhecem os equipamentos, tiram fotos com os pilotos e dos carros, podem comprar seus souvenirs sem problemas. Mesmo quem fica num setor mais barato, sai satisfeito do que vê (apesar de alguns problemas, que sempre acontecem). A Fórmula 1 custa muito dinheiro e sabe ganhar ainda mais com isso. E o futebol? O discurso dos jogadores, funcionários e diretores é ensaiado, pobre de vocabulário e deliberadamente dissimulado. O jornalista não tem condições de trabalho na imensa maioria dos estádios, os torcedores que pagam o ingresso mais caro não têm o tratamento justo… E os que pagam o mais barato, então, nem se fala. Tudo é escondido (a experiência de ficar numa “Zona Mista” é horrível – todos se acotovelam, empurram, etc.). Isso quando não acham que a culpa é da imprensa e fazem greve de silêncio. Numa final de Copa, é tudo organizado, mas extremamente fechado. Um exemplo, como repórter: tente falar com Bernie Ecclestone e com Joseph Blatter, os chefões da Fórmula 1 e da Fifa, respectivamente. O primeiro, no GP do Brasil do ano passado, falou com quem lhe procurou e lhe tratou com o merecido respeito. Já o segundo, o problema é conseguir falar com ele. Tudo é feito para o contrário (que você não fale com ele). O futebol brasileiro está encolhendo e a Fórmula 1 só cresce (não que vá tomar o posto de esporte preferido aqui no Brasil, isso é impossível). Não digo que se deve copiar rigorosamente o que acontece lá, pois os estilos são diferentes, mas o exemplo vale, como qualquer coisa positiva que acontece neste mundo. Recomendo a todos que, se puderem, um dia acompanhem uma etapa no autódromo (independente da maneira). A experiência é inesquecível. E exemplar.